A Escola Padre Manuel Álvares é uma Escola com história. A Escola da Ribeira Brava viveu uma experiência pedagógica verdadeiramente inovadora.
Em 1973 a Escola não era mais do que uma realidade virtual do Diário do Governo, um número nas estatísticas do Estado e um terreno baldio na Ribeira Brava. Porém, partindo da emoção que a fome e a injustiça podem causar, usando o poder da solidariedade e tendo por base a experiência empírica, do que se ia vivendo e aprendendo, criou-se do nada, ou do quase nada, aquela que foi a primeira escola portuguesa da Liberdade, da Democracia, da Interdisciplinaridade e da Autonomia. Na verdade, não é preciso grande pedagogia para compreender que não é possível ensinar a quem tem fome, mas que é possível aprender, e muito, com quem a sofre. Face à fome de nada nos servem ideais vagos e abstratos, por mais belos que eles sejam, é
preciso arregaçar as mangas, cavar, semear… para poder colher e alimentar. Assim se compreende que a nossa Escola tenha nascido de forma tão invulgar: não tinha paredes, não tinha telhas, não tinha salas de aula, nem campainha, mesas, quadros ou cadeiras. Não importa prolongar a lista das coisas que não tinha, basta dizer que não tinha nada do que é costume uma escola ter. Mas tinha outras muito estranhas: uma vaca, patos, pombos, coelhos, peixes, uma horta e, sobretudo, tinha pessoas dispostas a empenharem-se na sua construção, trabalhando para si e para aqueles que haviam de vir. Estas pessoas esquecendo o que não têm, convertem as esplanadas dos cafés em salas de aula e, do cimo de um monte, fazem da Vila da Ribeira Brava o ponto de partida para a aprendizagem do desenho, da geometria e da geografia, da história, … No terreno destinado ao edifício, a horta e os animais constituem o material necessário às ciências da natureza, aos trabalhos manuais, à agricultura… As trocas dos excedentes de produção com outras escolas ou a venda a hotéis, proporcionam a oportunidade à economia e à matemática de se desenvolverem a partir de operações concretas.
E, a par das hortaliças, dos frutos e dos animais, sem enxertos, florescem a poesia e as artes, vive-se a democracia, a solidariedade e a justiça na distribuição dos frutos do trabalho de todos pelos que deles mais necessitam. E assim se aprende a respeitar os outros, os animais e a Terra. Uma escola como esta, que constitui um universo pedagógico, ético e cultural, que não nasceu por Decreto, mas pelo contacto vivo com os problemas, as coisas, os animais, a terra e os outros, não é mais uma escola, é uma Escola com Rosto. Vale a pena recordar que os ideais de generosidade e de esperança no futuro deixam um rasto que jamais se apaga. Mais tarde ou mais cedo, sonhos que pareciam impossíveis acabam por se realizar ou, pelo menos, por acalentar outros sonhos e outros destinos. O Escultor Francisco Simões, o primeiro diretor desta Escola, viu na corresponsabilização o grande trunfo da educação e tendo sabido criar e desenvolver o sentimento de pertença e de identificação de todos com os ideais de Fernão Capelo Gaivota, permitiu que cada um encontrasse valor e sentido no trabalho que fazia; nesta Escola todos tinham algo a ensinar e a aprender. Deste modo, criou uma Escola empenhada no caminho da solidariedade individual e coletiva, deu-lhe um rosto, à imagem de Fernão Capelo Gaivota, imprimiu-lhe um rumo e deu-nos a nós um projeto e um exemplo a seguir: dar continuidade ao espírito da Escola Sem Muros, apesar das grades que nos cercam por todos os lados. Um verdadeiro Fernão Capelo Gaivota não se deixa intimidar pelos obstáculos, pelo contrário, aperfeiçoa-se, voa mais alto e vence-os.
Ao longo dos anos a Escola sofreu alterações na sua estrutura física, nomeadamente em 1992 houve a construção do terceiro edifício (Bloco C), composto pela Biblioteca, Centro de Recursos Educativos, Sala de Sessões, Mediática, Sótão, Gabinetes de Grupos Disciplinares, Sala de Professores, Salas de Aula, Laboratórios de Química e Biologia, que atualmente, devido à construção da nova Escola, é praticamente o único edifício em
funcionamento. Nos três últimos anos o trabalho educativo e formativo da nossa escola esteve sujeito a condicionantes várias em resultado das obras da nova escola. No mês de agosto de 2020 ficou concluída a primeira fase da construção, em fevereiro de 2021 concluiu-se a 2ª fase e a 3ª fase, e última, ficou concluída a 23 de setembro de 2021, data da inauguração. O novo edifício é composto por dois blocos, designados por A e B. O BLOCO A, piso 0, alberga: 2 Laboratórios (Física e Química), 2 Salas de Aula, Conselho Executivo, Serviços Administrativos, Assessoria, Reprografia, Enfermaria, Sala de Diretores de Turma (Atendimento aos pais), Sala Polivalente, 2 Gabinetes, Receção, Arrecadações e WCs, sendo 1 adaptado para pessoas com mobilidade reduzida. No piso 1 temos Gabinete do Técnico de Informática, Gabinete de Psicologia e Orientação Vocacional, 1 Gabinete de Grupo, 2 Laboratórios (Biologia/ Ciências da Natureza), 3 Laboratórios de Informática, Laboratório de Línguas, 6 salas de Aula e WCs. O BLOCO B, piso 0, aloja a Sala de Professores, Ação Social, Bar e Cantina, Sala Especializada de Educação Inclusiva, Sala de Artes, 2 Gabinetes de Grupo, 1 Gabinete de funcionários e WCs. No piso 1 encontramos a Biblioteca, Sala de Educação Tecnológica, Sala de Música, Gabinete de Equipa
Multidisciplinar, 2 Gabinetes de Grupo, 12 Salas de Aula e WCs. O piso 2 é composto por Sala do Futuro, 10 Salas de Aula e 4 Gabinetes de Grupo. A escola conta também com um campo polivalente de jogos, um ginásio, respetivos balneários e um parque de estacionamento.
A portaria n.º 460/2022 de 9 de agosto, determinou a extinção da escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade (na freguesia de Campanário). A partir do dia 1 de setembro de 2022 a gestão passou para a escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares. No entanto, os alunos da antiga Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade continuam a ter aulas no mesmo edifício.
No edifício do Campanário, os alunos estão divididos por 12 turmas, distribuídas da seguinte forma: 5º ano – 2 turmas; 6º ano – 2 turmas; 7º ano – 3 turmas; 8º ano – 2 turmas e 9º ano – 3 turmas. A nível de recursos materiais a escola disponibiliza diferentes “espaços”, nomeadamente: Atelier de Aprendizagem; 2 Laboratórios de Informática; Sala de Música; Laboratório de Física e Química; Laboratório de Ciências; 2 Salas de Educação Visual e Tecnológica; 1 Sala de Educação Tecnológica,13 salas de aula; Anfiteatro; Biblioteca; Polidesportivo; Ginásio, bar e cantina.
A história da escola encontra-se em vários documentos elaborados ao longo das últimas décadas, como A Gaivota e Descobrindo (revistas da Escola) e o Elogio da Interdisciplinaridade, Compêndio de Memórias, que assinalou, em 1998/99, os 25 anos da Escola das Gaivotas.